terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Lagos

Não nasci aqui. O meu berço foi 15 Km a este, em Portimão; os meus pais "imigraram" tinha eu 1 ano. Mas hoje quando me perguntam "De onde és?" - a minha resposta é: "De Lagos."

Esta é de facto uma cidade muito especial, talvez uma das mais belas do mundo, para mim certamente a mais bela das cidades.

 O rendilhado da costa, as dezenas de pequenas praias, a majestosa meia-praia com os seus 8,5 Km de areia branca e suave, o casario baixo do centro da cidade, as ruas que serpenteiam pelas colinas acima e abaixo.

Lagos tem uma poesia única e inigualável, seja na canícula do Verão ou na chuva de Inverno.
Não é apenas a visão que é seduzida por este paraíso na Terra, o uivo do vento que sopra quase ininterruptamente, entrecortado pelo cantar das gaivotas, com o som das ondas quebrando-se na areia; o cheiro a maresia que invade cada cm2 da cidade; o sabor do sal que se deposita nos nossos lábios e a caricia do vento no rosto e cabelos, preenchem na totalidade os 5 sentidos.
 Desde o nascer ao pôr do Sol, mas também sob a Lua e as estrelas, a luz reflecte-se no mar brincando com as ondas, criando jogos com as sombras, mudando sem cessar a paisagem, fazendo com que cada momento seja único e irrepetível.

O Sol, a Lua, as estrelas e, também, as luzes da cidade, tudo contribui para a atmosfera quase mítica que se vive. 
Por fim há a história, a história dos homens que começou no paleolítico, prosseguiu pelos Celtas, Iberos, Romanos, Visigodos, Árabes, Cristãos...

Atingindo o píncaro no berço dos Descobrimentos, quando uma pequena nação teve a impertinencia de aumentar o mundo, empurrando os limites do fim do mundo para as estrelas.

Hoje tudo isto jaz violado, delapidado por algumas piranhas que sem pudor empurram o Infante para o lado, destroem a calçada que reproduzia as ondas do cabo Bojador, que aterram a mais bela praia do mundo...

Para esses vendilhões do templo, traficantes de cimento, nem mil mortes seriam castigo suficiente.

Mas a poesia continua lá, pedindo Show me the place...

Não há um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Porto Côvo


A pequena enseada que abriga as frágeis embarcações de pesca formada pelo leito de um rio, rasga a paisagem com um traço azul a cortar o verde dos campos. Lá mais a sul o rochedo negro da ilha do Pessegueiro desafia as ondas que teimam em quebrar-se libertando nuvens espuma. A mesma teimosia que levou os homens a construir o Forte que acabava destruído pelos piratas uma e outra vez.

A beleza fascinante deste local capturou o coração de muitos Homens desde os tempos mais antigos, passeando pelos campos vêm-se vestígios de antigas culturas, Celtas, Romanos, Árabes, Cristãos, Piratas... Uns a seguir aos outros, empurrando-se, misturando-se, uns após os outros apaixonando-se por estas terras e este mar.

Abraçado à mulher que AMO, estas imagens tomaram uma dimensão ainda maior, o sabor do sal nos seus lábios turva-me os sentidos como se estivesse inebriado, o vento embala-nos, os raios de sol pousam suavemente sobre a nossa pele. Não, o nosso AMOR não é um amor ordinário...


Não há um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Azul mágico


São 18:00 de uma tarde de Agosto, uma ligeira brisa vai correndo sobre a água, enrugando-a suavemente, as pequenas ondas vão-se quebrando nas rochas. Está calor, um doce calor típico dos fins de tarde estivais. 

O sol brilha nas rugas do mar, dando-lhe um tom dourado, que contrasta com os rochedos e com o azul. Lá longe, muito longe, vislumbram-se nuvens de algodão pousadas sobre a terra que se perde no horizonte.

Um odor salgado inunda o ar trazido pela brisa de onshore, depositando-se nos lábios, na alma, dando sabor a um quadro que trás a banda sonora do vento cantando nos arbustos ressequidos.

Fecho os olhos e recuo 6 anos, até ao dia em que tirei esta foto, todas as emoções e sensações regressam. Uma cor preenche a minha imaginação o AZUL...



Não há um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.

domingo, 24 de maio de 2015

Fonte da Telha


Balouçando, ao sabor da brisa, acariciado pelos raios de sol desta tarde dominical, contemplo o espelho que se forma na areia molhada e que reflecte a arriba e o céu.

O som do mar, do vento e da música do Café del mar, que toca longínqua num bar da praia. aproxima-se aquela hora mágica em que o sol mergulha nas águas deixando um

Não há um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.

terça-feira, 7 de abril de 2015

My Lover's Gone


As nuvens cobrem o céu 
com um abraço 
o Sol brilha entre elas
pincelando-as de rosa.

O vento acaricia as ondas
fazendo soltar uma espuma alva
que ora avança, ora recua,
terna pela areia.

Duas silhuetas brincam
entre latidos e saltos
felizes, molhados 
rebolam na areia.

Sinto-te ao meu lado
mas não estás aqui
estás longe, longe dos olhos
mas mesmo assim perto, perto de mim.

As pegadas na areia afastam-se
terás regressado ao mar?
caminho a teu lado
suspiro pelo teu rosto.



Não há um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

Almost like the blues


Sinto-me no mar
suspenso na espuma
preso nas nuvens
pairando no ar

Sou uma gaivota 
voando sobre as ondas
rumo ao céu azul
vogando no vento

Sou a areia
sou o mar
sou as ondas
sou o vento

Entre dois mundos
o mar, a terra
as nuvens, as ondas
os peixes, as gaivotas

Olho para o mar 
vejo o teu rosto
na espuma das ondas
desenha-se o teu corpo

Estou perdido
sigo as estrelas
levado pelo vento
empurrado pelas ondas




domingo, 25 de janeiro de 2015

Sagres

Há lugares no mundo que deixam uma marca profunda na nossa alma, Sagres sempre me fascinou, foram inúmeras as vezes que visitei o promontório e o cabo "onde termina o mundo" por terra, só ou acompanhado este sempre foi um local quase místico. Aliás para os povos da antiguidade era mesmo um lugar místico. Os Celtas chamaram-lhe o promontório dos Deuses. Outros povos achavam que era ali que o mundo terminava, era ali que começava o mar das trevas.

O Infante mudou tudo isso, mas a mística ficou agarrada àquelas pedras de forma indelével. Em todo o lado sente-se o peso da história, nas muralhas, nas velhas caraças dos canhões gastas pelos anos e pelo salitre, nas paredes do velho templo, na misteriosa rosa dos ventos, nas furnas que descem até ao mar pelo ventre da terra.

Mais a oeste vislumbra-se o cabo de S. Vicente com o seu farol, o ponto mais a sudoeste da Europa, a ponta do velho Continente que aponta para o Novo Mundo, entre ambos uma enseada com vários recantos e um charmoso Castelo hoje transformado numa unidade turística.

Mas nada do que se vê de terra é mais esmagador que a vista a partir do mar! A primeira vez que admirei esta paisagem a partir do reino de Neptuno, foi a bordo do paquete Funchal. Ainda hoje, passados 35 anos, revejo esse momento com uma claridade cristalina. Estávamos a jantar, pelas janelas comecei a ver desfilar a praia da Bordeira, depois o Castelejo, não esperei mais, saí para o convés e debrucei-me na amurada. Ouvia-se Wagner, os penhascos erguiam-se altivos, deslumbrantes à luz do pôr do sol, o navio aproximou-se tanto como as regras de segurança permitiam, deixando os mais pequenos pormenores ficarem expostos aos meus olhos.

Aos poucos fomos contornando o cabo de São Vicente e dirigindo-nos para Sagres, Wagner continuava a tocar pelas colunas do navio, olhei à minha volta, estava só contemplando a mais bela paisagem que jamais vira.

Dias antes tinha visto um rosto que também havia marcado a minha alma, tinha aparecido e depois perdera-se na multidão que polula nas noites estivais de Lagos. Receei não mais voltar a rever tão marcantes imagens. Fiquei por ali, a   noite caiu fiquei apreciando as luzes do Algarve: Burgau, Luz, Lagos, Alvor, Portimão.

Perguntei-me se voltaria a ver Sagres do mar... e aquele rosto lindo de morrer. Voltei para Lagos procurei-a, não mais a vi.

16 anos depois voltei a cruzar aquelas águas, desta vez no meu pequeno veleiro, voltei a procurar aquele rosto fugidio no meio da multidão. Sagres vista do mar voltou a mostrar-se em todo o seu esplendor num mar estanhado, lá em cima pareceu-me vê-la! Toquei a sirene, abanei freneticamente os braços... Não. não era ela, tenho agora a certeza.

Passaram outros 16 anos, olhando para um quadro de fotos em casa de alguém que conhecera à poucos dias volto a rever aquele rosto fugidio! Aquela cujo o rosto para sempre ficou gravado na minha alma como as imagens daqueles rochedos imponentes.

Redijo estas linhas a seu lado, contemplo o seu rosto sereno e belo. A noite vai adiantada, não tarda estarei abraçado a ela no nosso leito, sonhando com uma viagem a seu lado contemplado aquela paisagem divina uma vez mais.



Tal como as ondas do oceano que acabam rebentando sobre terra, também nós acabamos por encontrar quem amamos profundamente.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Arrifana -12/07/2011


Penhascos negros mergulham no mar azul
Traçando uma linha branca de espuma
Parece tombada das nuvens 
Que pintam de branco um céu azul

Sinto-me livre como uma gaivota
Deixando-se elevar sem esforço
Pairando sobre as ondas... flutuando
Deliciando-se nesta paisagem estival


As casas brancas serpenteiam pela encosta
Ao longo de uma estrada poeirenta 
Que termina abraçando-se ao mar
Numa praia que se estende para sul

Aqui não há pressa, o tempo parou
Para além do suave rumor das ondas
Uma cigarra toca uma melodia estival
A gaivota pousa no molhe cantando 


As pequenas embarcações abraçadas
Descansam da faina ao abrigo do pontão
O pequeno guindaste perfila-se com o farol
Pequenas bóias vermelhas salpicam a paisagem

Continuo à procura da bela Nereida 
Vejo a sua silhueta nas ondas
Sinto o seu sopro no vento
Absorvo o seu perfume na maresia...